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XIKRIN

Na aldeia, os Xikrin falam a sua própria língua. Fora desse espaço, os homens jovens geralmente têm mais oportunidades de socialização e, por isso, costumam falar português melhor que os mais velhos, mulheres e crianças. A fala – oratória – é inclusive um atributo dos homens, no entanto, ela reflete uma fala única, forte que comunica o desejo de uma coletividade. Estes, socialmente, ocupam cargos de chefia e são incumbidos de resolver questões políticas pertinentes à aldeia. São eles os responsáveis pela caça, colheita de castanhas, junto às mulheres, confecção da maioria de ornamentos corporais, bordunas, arcos e flechas. Ficam a cargo das mulheres Xikrin, as menire, o cuidado com a casa, as crianças, o preparo dos alimentos, o plantio da roça, a colheita, coleta de coco babaçu, extração e envasamento do óleo. Também fazem pinturas corporais e produzem artesanatos, como tecidos estampados com grafismos feitos manualmente. Com as disputas territoriais que assolam a região, essas atividades facilitam outra função das mulheres Xikrin – as menire – o monitoramento e manutenção da floresta.

 

Historicamente, o território Xikrin sofre com invasões de grileiros e atividades ilegais, como corte de madeiras e garimpo, que modificam radicalmente as condições da floresta e, por conseguinte, as relações dos povos com o território. Além disso, há ainda, nessa localidade, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que também afeta diretamente os Xikrin e outros povos da bacia do Xingu.

Os Mẽbêngôkre-Xikrin são povos indígenas que vivem nas Terras Indígenas Trincheira Bacajá (TITB), no estado do Pará, território localizado no médio Xingu, tendo o rio Bacajá como referência.

 

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Diante dessa realidade, os Xikrin começaram a construir pontes com o mundo dos projetos, com o objetivo de promover autonomia financeira para as aldeias e, principalmente, cuidar da floresta. Nesse sentido, a Terra Indígena Trincheira Bacajá já possui duas mini usinas para extração de óleo de coco babaçu, além de cinco paióis espalhados pela TITB utilizados nas safras anuais de castanha . Além disso, as menire – mulheres Xikrin – também produzem tecidos com pinturas de grafismos e, com eles, confeccionam bolsas e mochilas.

Os produtos são frutos da biodiversidade, respeitam as dinâmicas da floresta e as práticas ancestrais cotidianas que fundamentam a experiência Xikrin.

 “Hoje nós, os Mẽbengôkre, estamos do mesmo jeito que a floresta. Vivemos com o risco de desaparecer. Se as invasões continuarem na nossa floresta, vamos acabar junto com ela. Sem a floresta e nossa terra acaba a cultura, acabam os Mẽbengôkre. A floresta é nossa cultura, é a vida dos filhos e netos. Pouco tempo atrás nossa vida estava boa. Nosso rio era bom. Nosso rio enchia no inverno. Agora o nosso rio está acabando (...) nosso rio nunca mais encheu depois dessa barragem e nunca mais vai encher enquanto tiver barragem”.

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